MacroEconomia

MACROECONOMIA

INFLAÇÃO:

A definição formal de inflação é: fenômeno caracterizado por um aumento geral
e persistente dos preços numa dada economia. Vamos analisar os termos
destacados nessa definição parte por parte.
Primeiro, trata-se de uma elevação de preços. A inflação diz respeito à velocidade
com que os preços se elevam, e não com o nível de preços. Se uma camisa custa
hoje R$ 400,00 e, no mês seguinte, passa a custar R$ 500,00, dizemos que o preço
desse produto subiu 25%, ou que a “inflação” da camisa foi de 25%.
Caso o preço suba para R$ 600,00 no mês seguinte, diremos que a “inflação” da
camisa foi de 20%, portanto, mais baixa do que os 25% registrados no mês anterior. Isso não quer dizer que os preços tenham caído (isso teria sido “deflação”),
apenas que cresceram a uma velocidade menor do que no mês anterior.
A inflação também é geral. Quando se mede esse fenômeno, a preocupação não
é com o preço de um produto específico (como a camisa), mas com a média dos
preços de uma determinada economia. Os principais índices de inflação da economia brasileira (que conheceremos a seguir) acompanham a variação de preços de
centenas de bens e serviços, de “feijão” à “internet banda larga”, a cada mês.
Alguns desses preços sobem, outros caem e há os que permanecem inalterados.
“Em 2015, um ano de inflação elevada, quase 70% dos preços monitorados pelo
IPCA (algo como 265 produtos) registraram aumentos a cada mês. Já em 2017,
quando a inflação foi bem mais baixa, a média mensal de produtos com aumento
no mês caiu para perto de 200 itens” (SCHWARTSMAN, 2020). Na comparação
entre 2015 e 2017, os preços continuaram aumentando, mas menos produtos
foram afetados e o aumento aconteceu a uma velocidade menor.
Quando se mede a inflação, portanto, o objetivo é saber se o processo de alta de
preços é generalizado ou restrito. Se determinado preço subir, por exemplo, 20%
e todo o resto ficar inalterado, a inflação medida será positiva. Contudo, não é
possível dizer que se trata de um processo inflacionário, porque a maioria dos
preços não subiu. Lembre-se de que a inflação se refere ao conjunto de preços
da economia.
Em terceiro lugar, a inflação consiste em um aumento persistente de preços.
Digamos que, em uma situação hipotética (e improvável) todos os preços aumentassem 10% em um mês e permanecessem estáveis durante o resto do ano.

Nesse caso, a inflação medida seria de 10% ao ano, mas não seria possível dizer
que se trata de um processo inflacionário, de fato. O que aconteceu parece ter
sido apenas um choque isolado.

ÍNDICES DE INFLAÇÃO:
No mundo teórico dos modelos econômicos, a definição de inflação é fácil de
entender, porque considera-se uma cesta ideal de apenas um produto. No mundo
real, temos uma quantidade enorme de produtos e serviços. Portanto, para acompanhar os movimentos inflacionários, a solução encontrada pelos economistas foi
a criação de um instrumento chamado de índice de preços. O índice representa
uma cesta de bens e serviços variados que são característicos do consumo da
população, cujos preços se deseja acompanhar.
Na economia brasileira temos, por exemplo, o Índice Geral de Preços – Mercado
(IGP-M), que é usado, por exemplo, como referência para o reajuste dos aluguéis.
Há ainda o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice de inflação
oficial do Brasil, usado pelo Banco Central na tomada de decisões de política monetária.

Na tabela a seguir, podemos ver a estrutura do IPCA, com uma cesta de bens de
consumo. Por convenção, o índice geral tem peso 100,00. Nessa cesta, cada produto (ou subgrupo de produtos) tem um peso, representando quanto do orçamento
de uma família é gasto com esse produto.

Esse resultado foi uma combinação de uma série de aumentos de preços. A parte
de alimentação e bebidas, por exemplo, subiu menos do que a média do índice,
com avanço de 0,60%. Já o grupo de preços de habitação subiu bem mais do que a
média, aumentando 3,10%. Esse aumento pode ser explicado, provavelmente, por
reajustes no preço da energia elétrica, com impacto direto na conta de luz das
famílias.
Dentro do IPCA, também pode haver grupos cujos preços estão caindo.Especificamente em julho de 2021, o custo médio de produtos de saúde e cuidados pessoais
registrou uma queda de preços da ordem de 0,65%.
As variações de preços são ponderadas pelo peso do produto no índice geral.
Por exemplo, no caso do grupo alimentação e bebidas, a alta foi de 0,60%. Para
calcular o impacto no índice geral, multiplicamos a alta pelo peso desse grupo no
índice, que é de 20,9%. Chegamos a uma taxa de inflação de 0,1254% no mês.
A medida da inflação é, portanto, uma média ponderada da variação de preços
em um dado período.
Aquilo que o índice de inflação mede não é exatamente igual à definição de inflação, porque alguns “acidentes” podem acontecer no caminho. Algumas variações
de preços podem não ser generalizadas ou persistentes. Elas serão captadas pelo
índice, mas isso não quer dizer que sejam inflação. Por isso, é preciso olhar com
cuidado cada grupo e subgrupo componente do índice de preços.
Considere, por exemplo, que, em determinado mês, os impostos sobre o cigarro
aumentaram. O preço desse produto ao consumidor também aumentará. Essa
não é uma elevação de preço que tende a se repetir de forma persistente. Ela
será registrada como inflação no IPCA, porque o cigarro é um produto com peso
considerável dentro da categoria “Despesas Pessoais”. Mas, como vimos, do ponto
de vista teórico, não se trata de um processo inflacionário.
Outro exemplo é o da gasolina. Se o preço do petróleo no mercado internacional
sobe ao longo de vários meses, haverá impacto no preço da gasolina e de outros
combustíveis derivados. Embora essa alta seja persistente, ela não é generalizada,
ainda que a gasolina tenha impacto no bolso dos consumidores. Portanto, nem
tudo o que um índice de inflação reflete cabe na definição formal de inflação,
ainda que afete a vida dos consumidores.
Portanto, identificar essa característica será importante para o profissional que
estiver analisando o comportamento da inflação, olhando além do que o que o
índice de preços mostra.

DIFUSÃO

Uma possibilidade é olhar para a difusão do índice de preços. Ela é uma medida
que mostra qual a porcentagem de produtos que sofreram aumento de preço em
determinado mês. No caso do IPCA, que tem 377 produtos na cesta, se 240 produtos tiveram alta de preço em um mês, a difusão foi de aproximadamente 63,7%
(240 ÷ 377).
O gráfico a seguir mostra a relação entre a inflação mensal medida pelo IPCA (eixo
vertical) e o índice de difusão (eixo horizontal). De modo geral, quando há um
índice de difusão muito alto (região à direita do gráfico), ele está associado
também com uma inflação elevada.

 

INFLAÇÃO E NÍVEL DE EMPREGO

Ao longo do século XX, muitos economistas se debruçaram sobre as possíveis
relações entre a inflação e outras variáveis macroeconômicas que pudessem explicar esse fenômeno. Uma das mais famosas é proposta pela chamada curva de
Phillips, que recebeu esse nome em referência ao seu idealizador, o economista
neozelandês William Phillips.

A teoria de Phillips, apresentada no fim dos anos 1950, toma como premissa o fato
de que um menor nível de desemprego tem como consequência uma alta dos
salários. E a alta do desemprego provoca queda dos salários. Uma vez que se
considera que os salários têm uma participação importante na composição de
preços de uma economia, Phillips estabelece uma relação de troca entre inflação e
o nível de emprego.
Para desenvolver seus postulados, Phillips usou dados da economia do Reino
Unido de 1861 a 1957. Os resultados de suas análises propunham uma troca
estável entre inflação e desemprego: períodos de desemprego baixo levariam a
um aumento na inflação, explicado pelo aumento dos salários. E nas fases de
maior desemprego, haveria uma tendência de inflação mais baixa.

Como conclusão dessa formulação de Phillips, admite-se seria possível “comprar”
menos desemprego ao se aceitar uma inflação um pouco maior. Para manter o
nível de desemprego baixo, o governo estimularia a produção nas empresas por
meio de uma política monetária expansionista, sustentando a taxa básica de juros
em um patamar mais baixo. Ao produzir mais, as empresas contratariam mais
mão-de-obra. Esse aquecimento da economia, junto com uma taxa de juros mais
baixa, resultaria em um nível maior de inflação.
No gráfico a seguir, podemos ver um exemplo da curva de Phillips na prática. Por
esta formulação, não seria possível observar, ao mesmo tempo, inflação e desemprego elevados. Considere uma situação de desemprego elevado, por exemplo, no
ponto u(1) do gráfico. A inflação, nesse caso, está em um patamar baixo, representado pelo ponto inf(1)

 

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